Chaminé Stop
CHAMINÉ STOP – 12.05.2012
Escaladores:
Guia – GUSTAVO SOARES
Participante – ARTUR STARLING
Relato - ARTUR STARLING
Após madrugarmos para nos encontrar na Praça São Salvador às 07:00 da manhã, partimos pra Urca para aula de escalada do CBM 2012. Após a aula estávamos combinado de fazer a STOP (antiga vontade minha que já havia “cobrado” o Gustavo algumas vezes para me levar).
Após a escalada com os alunos do CBM, nos encontramos na carroça de cachorro quente da tia da praia vermelha, por volta de meio dia. Após separarmos nossos equipos, partimos em direção à Stop.
Já estava meio tarde (começamos a escalar por volta de 13:30) e não sabíamos se conseguiríamos ir muito longe na via. Até porque existia, de acordo com a previsão do tempo, possibilidade de chuva para tarde.
Chegamos na base e resolvemos que iríamos encarar pois o tempo ainda estava bom. Nos equipamos e partimos.
Tocamos em frente e nos preparamos para a chaminé em si. Gustavo foi guiando e rapidamente venceu a primeira enfiada.
Enfim chegara a minha vez de escalar. Minha primeira chaminé. Estava tenso. Nesse momento lembrei das inúmeras histórias ouvidas de amigos que já fizeram a via. Veio na cabeça o tal do buraco da galinha e o temível salão em L.
Espantei o temor e fui em frente. Comecei devagar, pegando o jeito da escalada em chaminé. Logo peguei a manha e venci o primeiro esticão. Estranhei o modo de escalar e meu primeiro comentário para o Gus, assim que cheguei na parada foi: “posso me perguntar o que estou fazendo aqui ???” ...mas sabia eu que o pior estava por vir e que o comentário, meio de brincadeira e meio sério, se aplicaria melhor para outros trechos ...
No meio da primeira enfiada ventou bastante e bateu aquela preocupação com a possibilidade de chuva. E ainda estávamos pressionados pelo tempo, pois não sabíamos o quanto conseguiríamos escalar com luz do dia, então não perdemos tempo e o Gustavo já foi tocando a segunda enfiada da via. Um tempinho depois vem o sinal: “Chegueeeei !!”. Era minha vez de novo.
Subi por um trecho que se mostrou bem exigente. A pedra estava meio ensaboada, com os pés deslizando toda hora. O jeito foi usar o tamanho e ir se entalando com joelho na frente e pés atrás. Foi um lance em que o Gustavo tocou reto pra cima, protegeu com um friend e seguiu mais pra direita. Nessa hora pensei: estou na famosa chaminé em L.
Cheguei meio detonado na parada (feita no Salao Azul), mas aliviado por já ter passado pelo salão em L. Assim que cheguei comentei com o Gus: “Po ainda bem que passamos pelo salão em L ... foi foda ..”. No que ele me disse que não era bem assim ... o salão em L ainda estava por vir ... hehehehe ...
Fiquei um pouco tenso nessa hora. Mas o Gustavo tratou de dizer que achava esse lance mais difícil que o salão em L ... então fiquei um pouco mais tranquilo.
Neste momento já ouvíamos vozes de uma cordada que estava à nossa frente. Sinal de que estávamos indo num bom ritmo.
O Gustavo então, tocou pra cima mais um lance. Em determinado momento teve que ajudar a dupla que estava em nossa frente. Eles tiveram alguma dificuldade num lance (não sei bem precisar qual o lance). Feito isso, era, uma vez mais, a minha vez de subir.
Lá fui eu ... subindo, subindo, subindo ... até que encontrei um pequeno buraco pelo qual passar ... e ainda estava com as costas virada pro lado errado. Não demorou muito pra entender que ali era o famoso buraco da galinha. Arrumei um jeito de mudar meu posicionamento para que pudesse entrar corretamente e .... entalei ... hehehehe ... não conseguia, por nada subir ... ia até a cintura e dae não conseguia subir mais ... tentei, tentei, tentei e nada ... bateu um desespero na hora ... o Gustavo desceu até mim para ver o que acontecia ... desci do buraco para tirar um monte de equipos (friends, costuras, freio) e tentar de novo ... não consegui ... até que finalmente arrumei uma posição que consegui desentalar !!
Uffa !! Passei e o Gustavo retomou a escalada, chegou na parada, e me avisou que era minha vez de novo. Mais sufoco!! Agora sim estava na chaminé em L ... pra quem não conhece, ela é muito estreitinha ... sufocante ... rolou alguns momentos em que achei que não daria conta ... até câimbras no tríceps do braço esquerdo eu tive ... ainda bem que conseguia ficar entalado com joelhos à frente e os pés atrás ... acabei conseguindo (não tinha mesmo outra opção). Em certo momento estava tão cansado de escalar em chaminé que vi uma fenda e resolvi escalar por ela. Não sei nem se isso era o correto, mas acabei escalando alguns metros por ela até que não tinha outro jeito senão voltar a escalar em chaminé (por sorte já era perto da parada).
Finalmente cheguei lá exausto (fisicamente e mentalmente). Mas agora só faltava uma escaladinha em agarras ... como foi bom voltar a fazer uma escalada de face ... quando o Gustavo começou este último trecho, a luz já ia acabando ... quando eu ainda dava segurança pro Gus, percebi o lindo por do sol que estava coroando nosso final de escalada ... dei um grito pro Gustavo avisando ... logo, logo ele chegou na parada e só me faltava um último trecho a vencer ... já devidamente equipado com minha headlamp, fiz o último trecho no escuro ... não sei se era o cansaço mas essa última escaladinha também não foi de graça não ... mas enfim cheguei à parada e pude descansar ...
Tiramos as sapatilhas e trocamos os calçados para fazer a trilha até o cume ... não tínhamos muita certeza do caminho a tomar, mas acabou que acertamos de primeira e chegamos ao PDA ... enfim no concreto, sentados sem risco de queda !! Não aguentava mais ... isso já eram umas 18:30 (mais ou menos) ... logo após chegarmos ao cume apareceu um dupla de escaladores (um casal) que tinham acabado de fazer o costão ... trocamos algums palavras e eles seguiram caminho ... somente nesse momento desequipamos e guardamos tudo ...
Exaustos (ao menos eu) descemos de bondinho (esse foi o bom de chegarmos a noite!!).
Próximo passo, Gallotti !!
Artur Starling.