Conquistas no norte de Minas - São José do Divino

Usamos o feriado do Papa para tentar abrir algumas vias novas no norte de Minas. Fomos eu, o Cadu e o Marcelo, escalador que mora atualmente em Cabo Frio.

Saímos num sábado e tocamos até São José do Divino, onde procuramos o Edimilson Duarte, um super simpático morador do mundo e de São José, músico hiper talentoso e muito hospitaleiro, como aliás todos os mineiros que encontramos. Esta pequena cidade é base para se escalar a Pedra Riscada, um imenso (o maior do Brasil?) monolito com vias de 1000 m. Tem até um filhote da Pedra Riscada, com vias menores: 500 m de vias!! Pois bem, nosso grupo penou para achar uma via fácil, em outra montanha e que não fosse face Norte, pois apesar de ser inverno o sol castigava bastante. Achamos uma montanha com um Pontão ainda virgem, olhamos no binóculo e fomos até lá. Isto já era no domingo, pudemos chegar até um pasto na base e escondemos o material de conquista para nenhum boi valentão se meter a bater grampos. Ele poderia tomar uma vaca!

No dia seguinte fomos nos revezando, batendo bem poucos grampos pois havia fendas e duas árvores para proteger tanto a escalada em si quanto as paradas. Conquistamos 2 esticões na segunda-feira e deixamos cordas fixas. Na terça voltamos e fomos continuando por um sistema de chaminé (bem pouquinho), off width e canaletas com pequenas oposições. Alcançamos um grande platô, bastante confortável, onde pudemos descansar e depois continuar, caminhando um pouco para a esquerda e atingindo a face oeste do pontão, já quase encostando na montanha onde ele está grudado. Mais dois esticões nos levaram até o bonito cume, onde uma luz maravilhosa nos brindava com a alegria de ter realizado aquela conquista, tão significativa para nossas vidas de formiguinhas que sobem laboriosamente a encosta da montanha. Que alívio!!! Eu não tenho experiência de conquistas e ainda tive a sorte de poder abrir o esticão que chegava no cume, que euforia e ao mesmo tempo, que paz! Tiramos algumas fotos, comemos rapidamente, o Cadu bateu dois grampos de rappel, pela DIREITA da via de subida e começou a abrir os rapéis. Ele (Cadu) foi colocando paradas duplas, até que voltamos para a linha da via, na verdade logo ao lado dela. Os grampos duplos são sempre de rappel, não há parada dupla na subida. No dia seguinte acordamos tarde e fomos para Ataléia, mais ao norte ainda, onde encontramos outra montanha para abrir vias. Depois vou finalizar este relato, mas seguem algumas fotos de aperitivo para a apresentação que faremos um dia no CE Carioca. Até mais!

Segue o começo do relato do Cadu agradecendo o apoio do André Ilha, que forneceu dicas mil sobre a região:

Olá André,

Fizemos uma viajem espetacular para São José do Divino e Ataléia.
Realmente, como você me falou, a região é repleta de montanhas.

Abrimos duas interessantes vias na região. A primeira foi aberta em um pontão virgem em São José do Divino e recebeu o nome de "Simpatia Mineira" (4°Vsup), em homenagem à todos os mineiros que encontramos pelo caminho. Essa via segue um belo sistema de fendas e possui 3 bonitos esticões. É claro, como não poderia deixar de ser, o acesso à base passa por pastos, brejos e uma floresta. Nada difícil para quem já "cursou" o intensivo, ou melhor, superintensivo "A.Ilha expedições".

Na pitoresca São José do Divino, onde quase todos os habitantes já moraram nos EUA (fenômeno bastante curioso) ficamos hospedados no Recanto Marlboro próximo à Pedra Riscada. Este recanto pertence ao cantor e fazendeiro Edimilson Duarte, uma cara nota 10 que acolhe todos os escaladores que vêm conhecer a Pedra Riscada.

Dispendemos um bom tempo na escolha de linhas e no ritual mineiro de muita prosa, perguntas e café.

De São José do Divino, seguimos 80km para nordeste em direção a cidade de Ataléia, notoriamente conhecida pela grande quantidade de mulheres bonitas.