Equalização dinâmica, estática e híbrida
Fazer uma parada bem feita é um ponto chave em uma escalada, principalmente se as proteções forem móveis, pois a pior queda que um guia pode tomar – fator 2 – deve ser suportado unicamente pela parada. O uso de redundância, ou seja, dois ou mais componentes com a mesma função, é crucial em uma parada, por isso usa-se paradas duplas com grampos e, no caso de escalada em móvel, pelo menos 3 proteções. Assim, caso um grampo quebre, ou um nut ou friend saia da fenda, há outros pontos de fixação para segurar os escaladores. Usar mais de um ponto de fixação nas paradas não serve somente para ter redundância caso uma proteção falhe, mas também para dividir a força de uma queda em vários pontos, tal que cada proteção sinta uma força significativamente menor que a força de queda do guia. Mas para que essa divisão da força seja eficiente, a equalização da parada deve ser feita corretamente. Existe basicamente dois tipos de equalizações: dinâmica e estática. Há também opções de equalizações híbridas desses dois tipos básicos de equalizações. Como exemplo de equalização híbrida, essa matéria apresenta o equalette simplificado, para ser usado em paradas fixas duplas.
Equalização dinâmica
É de uso mais comum, fácil de montar e equaliza a força em qualquer direção de queda. Nela, o mosquetão base “corre” na fita ou cordelete usado na parada, tal que qualquer que seja a direção da força de queda, sempre há divisão do impacto em todos os pontos de fixação na rocha. A principal desvantagem desse tipo de equalização é o elevado impacto na base caso uma proteção falhe, pois o mosquetão base deslizará todo o comprimento de fita do braço da proteção que falhou.
Equalização estática
Não é muito utilizada no nosso meio, apesar de ter sido a mais aceita no exterior por algum tempo. A principal característica da equalização estática é minimizar a força da queda do guia na base no caso de uma proteção falhar, pois o mosquetão base não desliza na fita. Por outro lado, a equalização estática não é direcional, ou seja, ela só distribui a força de queda igualmente entre as proteções em uma única direção. Esse tipo de proteção é bastante eficiente caso a direção de queda seja previsível. Estudos mais rigorosos mostram que esse sistema deve ser visto somente como redundância de pontos de fixação, que não como um sistema de equalização. Isso se deve a fatores como direção de queda, comprimento de cada perna da parada e dificuldade de se fazer um nó perfeitamente no meio da parada.
Equalização híbrida - equalette simplificado
estática e dinâmica, ou seja, ela é direcional e apresenta baixa força na base caso uma proteção falhe. Para isso, o equalette simplificado usa uma equalização típica dinâmica adicionando dois nós que restringem o comprimento da queda caso uma proteção falhe. O equalette simplificado é usado no caso de uma parada fixa dupla. Para paradas móveis de 3 ou mais proteções, o equalette em sua versão original deve ser usado. Para mais informações sobre o equalette, o livro Climbing Anchors (John Long e Bob Gaines) é uma boa referência – disponível na biblioteca do CEC. Para construir um equalete simplificado, pegue um cordelete de 6mm ou 7mm de diâmetro com 3m de comprimento e faça um loop com um nó de pescador duplo. Segure o loop formando um U e na parte de baixo faça dois nós de simples (ou oito) com uma distância de mais ou menos um palmo entre eles. A parte mais baixa do U deve ficar entre os dois nós. Tome cuidado para que o nó de pescador que une o loop fique em uma posição adequada, mais ou menos no meio de um dos braços do U e nunca entre os nós simples. Entre os nós simples é onde será usado o mosquetão base, dando uma volta em um dos cordeletes, como se faz em uma proteção dinâmica típica de fita. O uso de cordelete ao invés de fita é aconselhado pela facilidade de manuseio dos nós e pela elasticidade do cordelete, que reduz ainda mais a força de queda.
Equalette simplificado