Escaladas em Pancas, Espírito Santo

Por daniel.dandrada

Texto de Marcos Dias, fotos de Daniel d'Andrada

Pilhava em conhecer Pancas havia já algum tempo. Só as fotos bizarras de montanhas gigantescas já bastavam para alimentar essa vontade.

Dessas férias não passou. Vi que surgiu uma brecha no comecinho do ano, e abrimos 2015 bonito!

Entrada do Sitio
Entrada do sítio Cantinho do Céu, no Vale do Palmital.

Partimos do Rio às 8h, cujo ponto de encontro fora o Posto BR da Praça da Bandeira. Às 10h chegávamos no Posto ALE de Casimiro de Abreu para buscar a Brigittinha, uma amiga.
A viagem é meio longa, de 705 km, e sabíamos que o previsto seria chegar já à noite... mas a situação piorou um pouco quando deixamos nos seduzir pelo GPS... que prometia um caminho mais curto "por dentro". Acabamos entrando numa estadual ES-080, que era mais direta, mas que na verdade parecia mais uma selva. Já tava vendo a hora de ter que espantar bois do caminho, cruzar rios... mas deu tudo certo. Chegamos no sítio "Cantinho do Céu" umas 23h.

Area de camping
Área de camping do sítio Cantinho do Céu, no Vale do Palmital.

Decidimos acordar tarde no dia seguinte (acordei a hora que o olho abriu sozinho) e escalarmos na parte da tarde alguma via na sombra. Tivemos a feliz constatação que o dia tava meio nublado e favorecia a prática de subir pedras. Entramos numa via chamada "Lubrina", na pedra do Córrego, apenas eu e Daniel.
A via é um 4º VI de 350 m, bastando umas 8 costuras e 2 cordas de 60 m pra rapelar. Até usei um camalot nº 1 em um buraco na 2º enfiada, mas não é de todo essencial.
O lance mais bonito é, sem dúvida, o VI da 6º enfiada. Lance meio negativo mas bem protegido, com umas agarras grandes.
O segundo crux da via foi localizar o livro de cume. Estava bem entocado numa fenda lá em cima, depois de um formigueiro... mas anotamos a repetição lá!

01 Lubrina Linha Da Via
Pedra do Córrego e a linha aproximada da via Lubrina

No segundo dia escalamos em 3. Então tinha que ser uma via menor. Escolhemos a "Presente de Águia", 4º V, com um diedro em móveis pequenos. A via foi mais fácil que parecia. Acabamos bem rápido e ficamos deitados no cume maior tempão, na sombra, conversando e vendo as montanhas gigantes. Ficamos tempo de mais inclusive. Na descida acabamos pegando um sol exageradamente massacrante. Um sol daqueles mais violentos. A tarde foi de ducha no camping, recuperação e açaí.

Diedro da via Presente de Águia
Diedro da via Presente de Águia. Na foto os móveis já haviam sido sacados pelo primeiro participante.

02 Cume Morro Jacare
Vista a partir do cume da Pedra do Jacaré, acessado via Presente de Águia (dentre outras)

Terceiro dia, Danielzinho preferiu dar uma descansada. Partimos eu e a Brigitte pra uma via de uns amigos nossos, do "Chê" e da "Cris", conquistada quando estavam em lua de mel e passaram por Pancas. O nome da via não é difícil de descobrir: "Lua de mel". Também na Pedra do Jacaré, é um 3º IV típico carioca. Proteções meio longas, pedra quebradiça, agarrência... gostei muito! O rapel é melhor se feito com corda de 70 m. Se feito com corda de 60 m, acredito que terá que descer de chapeleta. Completamos o dia com a comida do Pesque e Pague "Aconchego", do Jorginho. Recomendo muito.

No quarto e último dia de escalada, deixamos para mandar a 1º repetição da via "Paranauê", que fica em uma pedra anexa à "pedra do Camelo". É uma via de 5º V, de 365 m. É um E2 daqueles bonitos meio longos... Como era de se esperar, a rocha tava bem quebradiça. Escalamos com bastante cuidado e revezamos a guiada.
Acabamos a via em 2h e 45 min. O cume é simplesmente espetacular, com uma visão muita maneira pra Pedra da Agulha, da Cara, Operário... e dezenas de outras que provavelmente ainda nem tem nome. Visualizamos várias linhas conquistáveis e tiramos fotos.

Cume pela via Paranauê
Cume de um "contraforte" da Pedra do Camelo, pela via Paranauê.

Tiramos o resto do dia pra ficar de turistas. Comemos no restaurante da Santina (um achado), e visitamos a pista de vôo livre, na Colina, afastado uns 20 km da cidade, que também vale muito ser visitado. A visão da cadeia dos Pontões Capixabas é instigante.

É só. Fico de voltar para mandar a Chaminé Brasília (impossível olhar a Pedra da Agulha e não querer subir), e investir em algumas conquistas. Vale muito a pena.
Agradeço muito ao Fabinho e tia Joana, do sítio "Cantinho do Céu". É difícil arrumar anfitriões tão dedicados assim.

No retorno, configuramos o GPS para "rotas onde os humanos passam" e chegamos mais rápido. É só tocar pela BR- 101 direto até o Rio.

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