Patrick White (VI) – Irmão Maior do Leblon
Na verdade foi mais uma manutenção da via do que uma escalada em si, pois havia muito mato em todos os diedros que fizemos. Optamos por pegar a trilha pelo Parque Municipal dos Penhasco dos Dois Irmãos, ao invés de entrar pela Rocinha. A escalada começou um pouco tarde, pois não tínhamos a intenção de completar a via toda. O sol castigou um pouco no começo porém este outono carioca até que foi clemente no restante da escalada (muita água, é Face Norte!). A via começa bem de pé, já em oposição, e para mim foi um pouco difícil guiar esta parte, pois é raro ter fendas tão de pé aqui no Rio. Depois do "aquecimento" dos primeiros metros, o Diedro Fócrates fluiu melhor. A P1 foi feita a 30 metros do chão, bem para a direita do primeiro platô. Na verdade quase toda a via é composta por diedros de 30 metros (na média) + platô com pouco mato (onde estão as paradas, em grampo simples).
O Miguel Monteza guiou o segundo esticão, muito bonito e cheio de mato. Na base deste segundo diedro tem dois grampos bem ruins, que merecem ser trocados. É possível proteger esta difícil oposição com Camalot 3. A presença de grampos rarefeitos só fez crescer minha admiração pelos conquistadores, que, até onde sei, não tinham nenhum material móvel. O próprio diedro do Pesadelo recebeu um grampo a mais, autorizado pelos conquistadores, há muitos anos, mas continua um pesadelo. Mas a dificuldade continua, pois a parede do diedro em si (o lagartão para fora do Irmão Maior) fica negativa nesta parte. Mandou bem Miguel! Uma breve chaminé leva a um lance bastante esportivo (VI grau, acredito eu) e finalmente à parada P2, que conta, pasmém, com uma chapeleta de aspecto muito novo, além de 1 grampo velho, da conquista.
O terceiro esticão começa em artifical em 3 Stubais de 1/4 bem ruizinhos. Outro lugar onde uma troca de grampos seria bem vinda (além da base do Pesadelo). Após este curto trecho, um platô pequeno e a chaminé chamada "3 em 1". Deve ter este nome pois começa em chaminé, depois tesoura e então oposição até o Platô Cobiçado, onde há uma (pequena) árvore. Tínhamos a impressão de que seria um grande e bom platô mas que nada, é um lugar bem pequeno mesmo.
O horário já estava bastante avançado pois investimos muito tempo cortanto mato e arbustos com uma tesoura de jardinagem. Não tínhamos vindo para completar e sim para explorar e ver a condição dos grampos, o que foi feito até P3. Por sinal, esta é uma parada já bem alta, de onde se avista claramente as contenções presentes no final da via.
Para cima de nós, haveria uma fenda, um artificial, a fissura 2001 e o famoso artificial para fugir dos tetos e das contenções. Pelo croquis, depois disso, haveria mais um artifical e depois os costões para o cume. Possivelmente a via pode ser feita em 6 esticões. É importante ressaltar que o Guia de Escaladas da Zona Sul fala em 10 diedros, o que poderia dar a impressão de 10 esticões, mas com certeza é possível fazer em bem menos.
Os planos agora são de entrar em contato com os conquistadores e também de incluir a manutenção completa, incluindo a troca de grampos, nas atividades deste ano do C.E. Carioca. O Guia relata a forte possibilidade dos últimos artificais estarem impraticáveis e como o primeiro destes já estava meio ruim, parece que a substituição dos grampos de todos os quatro artificiais da via será uma boa idéia. Da próxima vez levaremos a furadeira!
Para finalizar o relato, rapelamos então do Platô do Cobiçado (P3), e com 3 rapéis de 30m (ou menos) chegamos ao chão. A P2 era a única parada dupla (pois além do grampo tem a tal chapeleta nova). Nos outros dois rápeis fizemos back-up em árvore (na P3) e back-up com camelot (na P1) que foi retirado pelo último a descer.
Parabéns ao conquistadores!! Retornaremos lá em breve!