Pr. Osvaldo Pereira - 4º VIsup (A1/VI) E1 D3, 495m
Data: 16/04/2017 – Domingo de Páscoa
Local: Alto Mourão, o ponto mais alto de Niterói (popularmente conhecido como Pedra do Elefante)
Via: Pr. Osvaldo Pereira - 4º VIsup (A1/VI) E1 D3, 495m, 1999
Conquistadores: Henrique, Thiago e Mario Arnaud, Ricardo Borges Hippert, Santa Cruz, Cassio, Sônia e Leonardo Perrone
Participantes: Adriano Conde e Renata Jiamelaro (revezando)
Finalmente deu certo de eu ir à Oswaldo Pereira, já que houveram várias tentativas frustradas devida ao tempo. A decisão de ir pra lá veio meio que por acaso, já que eu estava querendo fazer Petrô-Terê em 1 dia no sábado (e portanto caçando pessoas para ir) mas o tempo na serra não era muito favorável. Consideramos ir então para a Serra no domingo, que o tempo estaria melhor. Ai lembrei da Oswaldo que está na minha lista há muito tempo (e com última tentativa frustrada na sexta santa após muita chuva na 5a) e seria bem legal escalar uma via de quase 500 metros! (superando as de 400m que fiz em Salinas). A previsão em Niterói se mostrava boa e estava então tomada a decisão. Avisei a galerinha que estaria por aqui na Páscoa (os que avisaram por email quando perguntei) e o Fernando Leão se animou a ir para Itacoatiara. Stefano se mostrou interessado também e por fim fechamos nós 4.
Saímos por volta das 6:50 da padoca na esquina da Rua Santo Amaro. Chegamos no Parque Estatual da Serra do Tiririca (PESET) antes dele abrir, os rapeleiros já se aglomeravam no portão rs. Tranquilos, esperamos eles entrar. O Adriano orientou então o Stefano e Fernando, que iriam entrar na “Uma mão lava a outra” no Costão de Itacoatiara. Feito isto, preenchemos o termo na portaria e iniciamos a trilha às 8:20. O acesso é o mesmo do campo escola sentido Bananal. Quando a trilha do Bananal aparentemente termina nuns blocos de pedra, virar à esquerda e seguir os totens até encontrar a parede. Depois seguir à direita margeando a parede, tendo como referência o tetinho do primeiro artificial da via. Foi uma trilha chatinha e não muito óbvia, também é preciso bastante cuidado no trecho margeando a parede, que é cheio de espinhos grandes daquela palmeira macaúba (?).
Já na base e sem muita pressa, nos equipamos. Por ser uma via E1 estava animada para tentar guiar os 2 primeiros esticões. Analisando o início da via, me pareceu um começo tranquilo, olhei o croqui e estava decidida a tentar chegar até a segunda parada dupla, onde o croqui indicava 55m e seria nossa P1.
Iniciei a escalada por volta das 9:30. Apesar de ter bastante líquen na rocha, que causa certa estranheza, a via era realmente tranquila de se guiar, me senti confortável e toquei até a segunda parada dupla, onde fiz a P1. Logo, veio o Adriano que já emendou na sequência guiando o 2º esticão (pela primeira vez, eu via então a praticidade e agilidade de se revezar a guiada! já que nunca tinha feito antes) e me puxando em seguida. O Adriano geralmente sobe 1 grampo acima, desce de baldinho e monta a parada (tirando o fator 2 de queda), assim o fez. Eu chegando na P2, perguntou se eu ia guiar o 3º esticão, topei e ele: “então é só seguir” (eu já tinha organizado as costuras no bauldrier na subida e tinha parada comigo). Estranhava um pouco esta agilidade da revezada, mas achava bem bacana e prático, claro! Só não era automático chegar e já sair. O sol começou a bater na parede um pouco antes das 11:00 acho, quando estava no meio deste esticão.
Início da via, note o tetinho lá em cima
Seguimos revezando, eu com os esticões ímpares e o Adriano com os pares. Senti que guiei o 3º esticão um pouco mais rápido e confiante do que o anterior. No final deste esticão, pensei em esticar bem, subi 1 grampo acima da parada dupla e depois notei que a próxima proteção era uma chapeleta podre e a próxima não dava pra ver direito e não sabia se a corda daria. Acabei montando a parada lá mesmo, já que era um daqueles grampos à prova de bomba. O Adriano quando chegou até mim, disse que achou que ia ter que escalar em simultâneo já que a corda esticou (hmmm.... me dei conta que posso fazer o mesmo no caso de precisar em alguma escalada tranquila). Um pouco antes de ele seguir revezando, percebi que melhor seria eu ter voltado de baldinho e montado a parada na dupla mesmo já que a próxima proteção era a chapeleta podre e no caso de uma queda, romperia. Bom que ali não era difícil, mas achei bacana este processo de eu mesma ir percebendo estes pontos sozinha.
Até o 5º esticão, era uma via fácil de escalar (me deu até sono num momento rs) com um ou outro lance mais dificinho mas com bastante arrasto, eu estranhava e achava que Adriano não estava liberando a corda, ai ele me explicou que como a pedra é meio positiva, o arrasto é grande mesmo usando as costuras longas.
Lindas vistas do Costão de Itacoatiara e Agulha Guarishi
No 6º esticão, o Adriano depois de tentar o lance do tetinho, optou por montar o artificial e seguiu numa sequência de lances de VI bem exigentes. Fui em seguida, até tentei o lance do tetinho limpo. Um gravatá atrapalhava para eu dar os pequenos “kikinhos” e tentar subir um pouco mais. Era necessário força nos braços alí (preciso voltar no platô!) e como não havia contato visual para o Adriano acompanhar meus movimentos e ir recolhendo rápido, achei prudente não arriscar (pois seria queda de platô) e usei a fita que o Adriano havia deixado para usar como artificial. Os demais lances delicados, consegui fazer limpos com corda de cima. Fizemos uma parada rápida para lanche antes de eu entrar no 7º esticão, por volta das 13:30, quando trocamos rápidas mensagens com o Stefano que já tinha terminado sua escalada. Estimávamos mais uns 3 ou 4 esticões.
Parada para lanche rápido e descanso
Neste 7º esticão percebi na guiada uns lances de IV mais difíceis e percebi também a posição estranha da corda, tentei corrigir colocando pro outro lado mas no final não sei se a posição ficou certa (preciso entender isto melhor, ainda tenho dúvidas).
O 8º e 9º esticões foram decididamente os mais difíceis e exigentes. O Adriano seguiu guiando o 8º esticão no lance de IVsup, passando pelos Vs (onde certamente senti a via mais difícil ao subir) e entrando no VIsup, onde ele tirou o fator 2 e voltou de baldinho pra parada para me chamar. Já sentíamos o cansaço da via, além da pele queimando do sol que nos acompanhava há tempos.
Ao iniciar o 9º esticão, comentou que com corda de cima era bem mais fácil repetir aquele lance que estava agora protegido. Aí vinha uma sequência de lances beeem exigentes e verticais. Ele mandou super bem, montou o artificial onde era pra montar e disse que até para roubar era complicado... foi teeenso, mas ele é safo e deu conta de seguir adiante. Foi então a minha vez: achei o lance de VIsup realmente impossível de se fazer sem o artificial, com o artificial também não era simples! rs a sequência de lances seguintes e verticais com micro agarrências (quando tinham) foi bem difícil, passei então pelos outros mais acima de IVsup e então alcancei o Adriano na parada. Poxa! Os lances mais difíceis da via estavam no final, quando vc já esta bem cansado, sacanagem!!
Faltavam então mais 6 grampinhos para finalizar a via. Adriano me ofereceu o prazer de terminá-la e eu depois de me certificar que não seriam lances difíceis, aceitei feliz da vida. Subi pela rocha e logo entrava em trechos de mato, que estavam bem molhados da chuva ainda, o que me lembrou o comentário do Jejê, que o final poderia não secar à tempo (e realmente não secou), subi cuidadosa e patinando um pouco na terra, mas me agarrando no mato, demorei um pouco pra achar a parada dupla que o croqui indicava, faltavam apenas 2 grampos para terminar. Uma pequena horizontal para a esquerda (um pouco incerta se acharia o próximo grampo com facilidade) e já visualizei também a parada dupla do fim da via, com direito a marmitinha de alumínio e livro de cume.
Que alegria imensa completar a escalada mais longa que já fiz e ter o prazer de EUZINHA finalizar a via, após uma digna revezada que eu não imaginava que faria num escaladão! Adriano veio na sequência e assinamos o livro de cume às 16:35. Éramos a primeira cordada de 2017 assinando o livro.
Dali foi menos de 1 minuto caminhando para alcançarmos o que acreditávamos ser o cume (mas não era!) e então antes de nos desequipar, chegaram 2 rapazes que além de curtir o cume, curtiram também nos encontrar lá em cima! Um deles pediu para tirar foto conosco, os astros do dia rs.
Já desequipados, caminhamos mais um pouquinho e por acaso visualizamos o verdadeiro cume do Alto Mourão. Mais fotinhos e iniciamos então o retorno pela trilha por volta das 17:00, cansados, com fome, mas completamente satisfeitos.
A via tem vários mega grampos de 1/2, alguns poucos daqueles pequenininhos de 3/8 com olhal de ¼ e umas poucas chapeletas extremamente podres e inclusive sem a porca apertando o parafuso.
Escalada MUITO bacana, com vista legal do Costão de Itacoatiara e Agulha Guarishi. Vista 360º espetacular do cume, brisa merecida e trilha de retorno bem bonita e cheirosa, com um trecho cheio de bromélias que parecia um jardim. Saímos na estrada ainda com luz do dia, em torno das 17:45 e lá estavam o Stefano e Fernando com o carro, como combinado, assim evitamos a volta pela estrada a pé para o início do parque.
Fim da trilha!
Valeu por encarar mais esta comigo, Adriano! Valeu meninos pela parceria e paciência em esperar!
Fernando e Stefano no cume do Costão de Itacoatiara após terminarem a via "Uma mão lava a outra"
Com esta escalada, concluo que meus objetivos em querer aprender a guiar estão aos poucos sendo alcançados, que são: entender um pouco mais da escalada e procedimentos com a visão do guia e desta forma ganhar um pouco mais de experiência para saber me virar melhor e sozinha (no caso de precisar) em vias de escaladas mais comprometidas e assim aumentar minha segurança e do meu parceiro. Valeu CEC por me proporcionar tanto conhecimento, satisfação e bem estar.
Referência de horários:
06:50 saída do Rio
08:20 inicio da caminhada a partir da portaria do parque
09:40 inicio da escalada
13:20 parada para lanche rápido
13:30 inicio do 7º esticão
16:35 Fim da Via!!! – Total da escalada: 7 horas
16:40 Cume falso
16:55 CUME!!!
17:00 inicio da trilha de retorno
17:45 de volta ao carro – Total da atividade: 9h15m
Parada merecida para comer no postinho
19:40 de volta ao Rio (acho) – dia longo e show de bola! :D
Renata Jiamelaro (1º, 3º, 5º, 7º e 10º esticões);
Adriano Conde (2º, 4º, 6º, 8º e 9º esticões).