Serra Fina 2 1/2 dias
São 48km de caminhada atingindo 2.797m, no cume da Pedra da Mina, a quinta maior montanha do Brasil. Os participantes foram Alexandre Charão, Carla Milioni, Jamie Worms e Cristian Sens, que saíram do Rio numa sexta-feira, de ônibus, até a cidade de Passa Quatro, onde dormiram no Hostel Harpia, gerenciado por simpáticos montanhistas.
Acordamos às 6h no sábado e um táxi previamente combinado nos pegou às 7:45h, mas ele nos deixou um pouco antes demais da Toca do Lobo, ponto de partida do primeiro dia de caminhada, o que nos fez perder tempo caminhando até lá. Usualmente dorme-se no Pico do Capim Amarelo mas lá não tem água, então eu tinha decidido emendar o primeiro com o segundo dia e caminhar por muito mais tempo até a água que normalmente só atingiríamos na segundo dia, num acampamento chamado de Rio Claro. O planejamento funcionou bem e chegamos lá às 19h, totalizando 10 horas de caminhada (incluindo descansos). É um local aprazível, um pouco úmido devido à proximidade do rio. Talvez seja melhor pegar água e caminhar mais 50 metros, onde um ponto mais elevado e protegido por árvores oferece um acampamento ainda melhor. Neste primeiro dia nós testamos pela primeira vez a comida liofilizada pois, como sabíamos que iamos caminhar muito mais tempo, levamos um pouco de água (500 ml além da água de beber)) e fizemos uma parada para esquentar água e comer comida quente decentemente. Tal esquema é muito bom pois pudemos caminhar mais tempo por dia e fazer uma rápida refeição quente no meio do dia. O úncio detalhe é que montar o fogareiro e tirar a panela da mochila nos fez perder tempo, mas isto foi superado pelo conforto de podermos caminhar 10 horas por dia tendo feito uma refeiãço quente e que não pesou na mochila (os pacotes da Liofoods têm 80g ou 120g). Por sinal, como eu já tinha feito a Serra Fina em 2011 em 4 dias, eu justamente tinha montado etapas para poder encerrar em 2 1/2 dias. E seria ilógico ficar caminhando com água nas costas, por isso resolvi puxar mais no primeiro dia. Todos os integrantes da excursão tinham sido avisados que caminhariam entre 9h e 11h no primeiro dia, já que todos os relatos apontam que o usual é caminhar 5-6 horas no primeiro dia e dormir no Capim Amarelo.
Depois desta primeira noite no Rio Claro, tocamos para a Pedra da Mina, descemos e pegamos a última água da travessia toda, no vale do Ruah, onde fizemos mais um almoço quente com Liofoods. Pegamos 3 litros cada um (1l para trilha, outro 1 l para jantar e café e mais 1 l para a trilha do dia seguinte). Tocamos adiante, percorrendo a longa crista que passa pelo Cupim de Boi e sobe o Pico dos 3 Estados, (2.656m) onde uma excelente noite, quente e sem vento, nos aguardava. Foram umas 8 horas de caminhada desde o Rio Claro, incluindo paradas. Fizemos questão de levar comidas quase prontas que não gastassem água para preparar, ou seja, para esta noite não levamos Liofoods, pois demandaria água (320ml para cada pacote). O cardápio era 250g de feijão pré-cozido (Vapza) + 160g de Lámen Mãe Terra + 250g de batata palha, sendo esta quantidade para 2 pessoas (eu e Carla). Não gastamos quase nada do gás e pouquíssima água. Como jantamos cedo (19h), eu acabei fazendo uma sopa individual lá pelas 21h, que tomei enquanto olhava para as luzes de Itamonte e de Passa Quatro de um lado da serra e de Resende e Cruzeiro do outro lado.
O dia seguinte amanheceu quente, com um lindo sol nascendo atrás das Agulhas Negras. Realmente demos muito sortte com o clima, estava quente e às 9h da manhã já dava para ficar sem camisa, mesmo estando à quase 2.700m. Empacotamos tudo e começamos a longa descida para o sítio abandonado do Pierre. Fizemos uma sequencia de cumes (a travesseia sobe e desce sempre, pois nunca se desvia dos cumes e nunca passa pelo lado deles), depois a última subidinha maior (para galgar o Alto dos Ivos) e depois começamos a looooooonga descida, perdendo altitude muito aos poucos. A estimativa deste último dia é de 5 horas de caminhada, fomos indo bem mas já um pouco cansados, até a trilha se transformar numa estrada abandonada. Passamos por uma bica d´água, já bem poerto do fim e quase todos nós ainda tínhamos um resto de água, ou seja, o cálculo do consumo comprovou-se correto. Com mais uns 20 minutos estávamos no sítio do Pierre, onde o macete e procurar a casinha bem da direita e achar um tanque de roupa atrás dela, ótimo lugar para beber água, lavar a cara e apertar as mãos por ter terminado a travessia.
Se você tiver combinado com um carro maior, 4X4, ele pode subir até aqui. Como o nosso taxista tinha um Gol, descemos a estrada (uns 30 minutos) até a BR-354, onde ele no esperava. Dica: ao chegar no Pierre, ligue para o taxista, ele demora uns 40 minutos de Passa Qautro até lá, que é o tempo para descer até a BR.
Antigamente existiam ônibus que passavam por ali, o que já permitia passar pela Garganta do Registro e descer para o Vale do Paraíba, porém o trajeto deles mudou e tivemos que voltar para Passa Qautro. Isto foi ótimo pois o pessoal do Hostel Harpia já tinha nos dito que a diária incluia um banho na volta e que podíamos deixar uma sacola com roupas limpas para o retorno ao Rio de Janeiro. Depos do banho fomos para a estrada esperar o ônibus que vinha de São Lourenço e que faz uma parada em Cruzeiro (SP). O motorista nos disse que o carro seguia para o Rio de Janeiro mas que tínhamos que ir no guichê e comprar o outro trecho (Cruzeiro-Rio de Janeiro). Por sinal este é o melhor ônibus que tem, pois é mais direto. O outro método é ir até Cruzeiro, de táxi ou de ônibus e pegar alguma linha que passe por lá. Como os horários são poucos, o mais prático é o São Lourenço-Rio de Janeiro mesmo. Chegamos na Cidade Maravilhosa às 22:30 e às 23h estávamos em casa. Que dia louco, tínhamos acordado no Pico dos Três Estados, a 2.656m e estávamos dormindo em casa, a quase 0 metros de altitude!