Travessia: Ponta da Juatinga

Por leandro.moda

Travessia: Ponta da Juatinga – 48,3 km
Local: Paraty
Data: 01/03/2017 a 04/03/2017
Participantes: Leandro Moda e Renata Jiamelaro

Na última Quarta-feira de Cinzas fui com a Renata fazer a Travessia da Ponta da Juatinga, começando no Saco do Mamanguá e caminhando até Vila Oratório. Fizemos um trecho de barco entre a praia de Itanema e Ibijiquara.

Mapa Juatinga

Dia 1 – 01/03/2017 – 8,9 km caminhados

Saímos do Rio de Janeiro no ônibus das 4:00 h (horário extra por causa do feriado do Carnaval) com destino a Paraty. Chegamos na rodoviária de Paraty por volta das 8:30 h. Aguardamos até as 9:20 h o ônibus da Colitur para Paraty-Mirim, onde fica o porto de onde partiríamos para o Saco de Mamanguá. Este trajeto de ônibus dura 40 minutos. No ônibus, conversamos com um barqueiro que se ofereceu para nos levar até a Praia do Engenho por R$ 40,00 cada. Como o valor estava dentro do esperado, fechamos com ele mesmo.

R001. Paraty Mirim

  • Paraty-Mirim – Praia Grande de Cajaíba

Aguardamos no píer por alguns minutos, e logo embarcamos na traineira que levou mais umas cinco pessoas. Da embarcação, pudemos ver o Pico do Pão de Açúcar e outras montanhas da Ponta de Juatinga. Após 20 minutos chegamos à Praia do Engenho, que tem uma grande amendoeira no centro e algumas casas em volta. Desembarcamos na água rasa mesmo, carregando as mochilas até a areia. A Renata aproveitou para dar o primeiro mergulho e depois tirou a água salgada numa bica à esquerda do início da trilha.

Ao fundo, Cabeça de Frade:

R003. Traineira Cabeça Do Frade

Pico do Pão de Açúcar:

R004. Pão De Açúcar

R004. Traineira

R005. Traineira

Praia do Engenho:

R006. EngenhoR007. Engenho

Img 20170328 Wa0000

O tempo estava totalmente aberto, com o sol já muito forte quando começamos a andar, pouco depois das 11:00 h. Começamos a trilha subindo por uma escadaria, passando entre casas até se afastar da praia. O caminho é bastante aberto, muitas vezes exposto ao sol. Durante todo este trecho até a Praia Grande, a trilha acompanha os postes de energia elétrica. Passando por uma subida íngreme, chegamos ao cume (430 m.s.n.m.) após 1:10 h. Depois disso, descemos rapidamente até a Praia Grande de Cajaíba.

  • Praia Grande de Cajaíba – Ibijiquara

Aproveitamos para mergulhar na ponta esquerda da praia, depois seguindo até a extremidade direita, que possui quiosques na areia. Seguimos pelo caminho que existe após o último quiosque, logo chegando à Praia de Itaoca. Entramos no mar novamente nesta praia cheia de pedras que é ótima para mergulhar. Em frente à areia há uma pequena ilha. Enchemos as garrafas com a água de uma bica na parte direita da praia e continuamos a andar.

Após cerca de 25 min, chegamos a Calhaus, que é uma vila de pescadores. Continuamos até Itanema.
Como queríamos dormir esta noite em Sumaca, e já ficava tarde para chegar pela trilha de Pouso da Cajaíba, contratamos um frete até Ibijiquara, de onde poderíamos chegar a Sumaca em menos tempo. Seguimos rápido em uma lancha admirando as belíssimas encostas da Ponta de Juatinga, e em 15 min já chegávamos a Ibijiquara, uma pequena baía de águas calmas e profundas, onde não há praia, apenas uma estrutura de concreto com pneus, numa pedra grande, para atracar pequenas embarcações. 

Ibijiquara:

Img 20170328 Wa0001Img 20170328 Wa0003

  • Ibijiquara – Sumaca

Nadamos uns 35 min no piscinão e então tomamos uma trilha tranquila e aberta, que sobe entre árvores frutíferas da Fazenda Ibijiquara e depois desce até a Praia de Sumaca. Após cerca de 40 min, chegamos ao pequeno restaurante do Manequinho, e ele nos apontou a direção do camping do Cascudo, onde montamos acampamento. O camping é simples, mas limpo e bem cuidado. O chuveiro fica por conta de uma bica acoplada numa árvore e um biombo de madeira ao seu redor – banho vendo as estrelas. Fora os dois vizinhos e seus familiares, não há outros moradores na praia de Sumaca. Havia também apenas mais uma barraca no camping. O mar em Sumaca é bem agitado, e o acesso por barco nem sempre é possível, sendo mais difícil nos meses de inverno.

Sumaca:

R125. Sumaca (2)R126. Sumaca (3)

Camping do Cascudo:

R131. Sumaca

Dia 2 – 02/03/2017 – 12,4 km caminhados

  • Farol da Juatinga

Pouco depois das 8:00 h deixamos a barraca montada em Sumaca e, com bolsas leves, tomamos a trilha para a comunidade da Juatinga, onde moram cerca de 100 pessoas. Subimos entre a mata e algumas áreas descampadas. O sol estava quase sempre coberto por nuvens, o que ajudou bastante. Em geral o caminho é bem definido, mas após uma subida íngreme, desce-se de encontro a um caminho onde há um cano de água. Neste ponto, viramos à direita, descendo até uma grande área aberta, conhecida como “sela”, próxima a uma plantação de coqueiros.

"Sela":

R208. Sela R206. Sela (4)

Juatinga:

R204. JoatingaR203. Joatinga

Após isso passamos entre algumas pedras e descemos até a primeira casa da comunidade de Juatinga. Continuamos alguns metros, mas não descemos até o núcleo da comunidade, subindo à direita por uma trilha entre árvores até uma casa verde e branca. É preciso atentar às diversas ramificações, pois há caminhos que levam a casas ou plantações. Seguimos tomando sempre o caminho da esquerda até passar entre grandes pedras e chegar a uma face rochosa. Neste ponto, deve-se tomar a direita e atravessar um grotão. Após isso há dois caminhos: à esquerda, chega-se a um mirante; à direita, chega-se ao Farol da Juatinga.

R217. Farol

A caminhada até o farol tomou cerca de 1:40 h. Ficamos lá até as 10:30 h e então voltamos a Sumaca.

Chegando em Sumaca, fomos conhecer uma ponta da praia que é acessível na maré baixa. Desfizemos o acampamento, comemos alguma coisa e às 14:20 h partimos para Martim de Sá.

  • Sumaca – Martim de Sá

Subimos bastante por uma trilha pesada e um pouco fechada pela queda recente de muitas árvores. Após 1:10 h, chegamos ao ponto onde as trilhas de Sumaca e de Pouso da Cajaíba se encontram. Após isso o caminho fica mais aberto, e começa a descer. Descemos rápido e após 40 min já chegávamos a Martim de Sá. A Renata achou este o trecho mais desgastante de toda a travessia.

A trilha chega no camping do Maneco, que é muito grande e estava movimentado devido ao fim do feriado, embora ainda com muitas vagas. Acampamos em uma área elevada próxima às casas dos moradores. 

Do camping não se avista a praia. Descendo, atravessa-se uma ponte de madeira e chega-se à areia. No lado esquerdo da praia há um rio, e o vento forma pequenas dunas próximas às rochas criando um cenário bem bonito.

Martim de Sá:

R306. Martim De SáR308. Martim De Sá (4)

Dia 3 – 03/03/2017 – 11,1 km caminhados

  • Martim de Sá – Ponta Negra

Desmontamos o acampamento, tomamos café e começamos a caminhar às 7:20 h. Existem duas trilhas para Cairuçu das Pedras saindo de Martim de Sá. A trilha saindo do camping é mais longa, porém com orientação mais fácil. Seguimos pela trilha que começa na praia de Martim de Sá e após 20 min cruza um rio com leito de pedras. Atravessamos o rio e tentamos seguir por um caminho entre as bromélias, que logo ficou fechado. Voltamos, descemos acompanhando o rio até uma praia de pedras e só então o cruzamos novamente, entrando novamente na mata. Após mais 35 min chegamos a algumas casas. Deixamos as mochilas em um pátio sob uma grande árvore e descemos um pouco até um mirante de onde podia se ver o Saco das Anchovas.

Após comer alguma coisa, seguimos por uma trilha morro acima, em um campo entre as casas. A trilha continua por uma plantação de mandioca até entrar novamente na mata. Após cerca de 50 min, chegamos a uma bifurcação entre os caminhos que levam a Cairuçu das Pedras e a Ponta Negra. Deixamos as mochilas na trilha, e descemos até Cairuçu, que é uma pequena praia cheia de pedras onde há uma comunidade e uma espécie de galpão de uso dos pescadores da região. Na ponta esquerda da praia há uma bica, onde construíram uma piscina de concreto. Acima da praia há um camping e um mirante sobre uma laje de pedra. Um local bem calmo e interessante de se acampar.

Cairuçu das Pedras:

R507. CairuçuImg 20170328 Wa0002

R518. Trilha Cairuçu Ponta Negra (4)

Retornamos até as mochilas e seguimos pelo próximo trecho, que eu achei o mais difícil da travessia: a subida até a Toca da Onça. Cerca de 5 min após Cairuçu das Pedras, encontramos uma bifurcação e tomamos o caminho da esquerda, que se mostrou errado. Voltamos e tomamos o caminho correto à direita. O resto do caminho é uma subida íngreme, sempre protegida por árvores, com 3,4 km. Fizemos este trecho em 1:20 h. A Toca da Onça é uma gruta bastante úmida a cerca de 520 m.s.n.m., onde é possível acampar caso necessário. Ficamos um bom tempo ali, nos recuperando da subida cansativa.

Após a Toca da Onça, sobe-se um pouco mais e então o caminho começa a descer até Ponta Negra. Realizei a descida em 1:00 h e às 12:30 h já estava em Ponta Negra, após cruzar duas pontes de madeira. Seguimos um caminho em frente ao orelhão e chegamos ao camping do Ismael, onde acampamos nesta noite. O camping é pequeno, mas tem boa estrutura e uma cobertura de lonas sobre a área das barracas. 

A praia de Ponta Negra estava calma como uma grande piscina, ótima para mergulhar, com muitos peixes entre as pedras. Ficamos algumas horas na praia, almoçamos e voltamos ao camping. Dia de descanso.

Ponta Negra:

R601. Ponta Negra

Img 20170328 Wa0004

Neste dia o tempo estava mais fechado e menos quente. À tarde garoou e à noite choveu muito. Pensamos em cancelar a trilha do dia seguinte até a Cachoeira do Saco Bravo, mas deixamos para decidir quando acordássemos.

Dia 4 – 04/03/2017 – 15,9 km caminhados

  • Cachoeira do Saco Bravo

Acordamos às 5:30 h. O tempo, para nossa surpresa, parecia bem firme. Tomamos café, deixamos a barraca montada com a bagagem dentro e seguimos para a cachoeira, subindo a viela onde estava o camping. A primeira subida é puxada, passando entre casas. Depois, entra-se na mata e a trilha segue sempre bem marcada. Mais à frente, numa bifurcação em um trecho onde há uma laje de pedra, segui reto por uma trilha mais fechada. Esperei a Renata por alguns minutos, mas como ela demorou a chegar, percebi que havia tomado uma trilha secundária. Voltei e vi que ela havia pegado o caminho correto, subindo a laje de pedra e passando por uma casa logo acima. Depois de algum tempo consegui alcançá-la. 

O caminho desce um pouco, e é possível ouvir o barulho do mar durante um tempo. Depois, distancia-se do mar e torna a subir, sempre por uma trilha bem aberta. Após o cruzamento de um riacho, começa a descida até o Saco Bravo. Depois disso chega-se logo à cachoeira, onde o rio cai em um grande poço, pouco acima do nível do mar. As ondas batem na parede rochosa e às vezes invadem o poço.

Cachoeira do Saco Bravo:

R401. Saco BravoR411. Saco Bravo (17)

Ficamos algum tempo ali, e então voltamos para Ponta Negra.

  • Ponta Negra – Vila Oratório

Chegando ao camping, comemos e arrumamos as coisas. Às 12:20 h, seguimos para o último trecho da travessia, voltando pelas pontes de madeira até a placa que indica o caminho até a Praia do Sono. Após 15 min, passamos pela cachoeira de Galhetas, cruzando o rio entre as pedras.

Em mais 35 min, chegamos à praia de Antiguinhos, uma das mais bonitas da região. Seguimos até a praia de Antigos, a 5 minutos dali, e caminhamos pela areia até pegar a trilha entrando na mata. O caminho segue por trechos expostos ao sol até chegar a um mirante de onde se tem uma bela visão da Praia do Sono. Descemos até a praia e cruzamos o riacho que deságua em sua ponta esquerda. Atravessamos a longa faixa de areia até a placa que indica o caminho para Laranjeiras. 

Praia de Antiguinhos:

R702. Antiguinhos

Praia do Sono:

R802. Sono (3)

A Renata decidiu ficar mais um dia para aproveitar a praia, e fechou o aluguel de uma barraca em um dos muitos campings que existem na Praia do Sono. Eu continuei a caminhada em ritmo acelerado, entrando por uma trilha bem larga entre as árvores. A partir desse ponto a trilha já é bem mais movimentada. Após 45 min cheguei a Vila Oratório e o ônibus que leva à rodoviária apareceu. Às 16:20 h, cheguei à rodoviária de Paraty. Não adiantou apertar o passo, pois tive que esperar até as 19:00 h para subir no ônibus para o Rio de Janeiro.

Tempos e distâncias:
  • Paraty-Mirim – Engenho (traineira): 4,1 km, 30 min
  • Engenho – Praia Grande de Cajaíba: 3,4 km, 2:10 h
  • Praia Grande de Cajaíba – Itaoca: 1,8 km, 25 min
  • Itaoca – Calhaus: 1,5 km, 25 min
  • Calhaus – Itanema: 0,5 km, 12 min
  • Itanema – Ibijiquara (lancha): 5,8 km, 15 min
  • Ibijiquara – Sumaca: 1,7 km, 40 min
  • Sumaca – Farol da Juatinga: 4,1 km, 1:40 h
  • Farol da Juatinga – Sumaca: 4,1 km, 1:30 h
  • Sumaca – Martim de Sá: 4,2 km, 2:00 h
  • Martim de Sá – Saco das Anchovas: 2,5 km, 55 min
  • Saco das Anchovas – Cairuçu das Pedras: 1,8 km, 50 min
  • Cairuçu das Pedras – Toca da Onça: 3,7 km, 1:30 h
  • Toca da Onça – Ponta Negra: 3,1 km, 1:00 h
  • Ponta Negra – Saco Bravo: 3,7 km, 1:40 h
  • Saco Bravo – Ponta Negra: 3,7 km, 1:30 h
  • Ponta Negra – Antiguinhos: 2,2 km, 50 min
  • Antiguinhos – Praia do Sono: 1,3 km, 40 min
  • Praia do Sono – Vila Oratório: 4,6 km, 1:20 h
  • Vila Oratório – Paraty (ônibus): 27,1 km, 50 min
Gastos envolvidos (individuais): 

  • ônibus Rio – Paraty – Rio: R$83,00 ida / R$78,00 volta
  • ônibus Paraty – Paraty-Mirim / Vila Oratório – Paraty: R$3,90
  • traineira Paraty-Mirim – Engenho: R$40,00
  • lancha Itanema – Ibijiquara: R$50,00
  • camping Sumaca: R$25,00
  • camping Martim de Sá: R$20,00
  • camping Ponta Negra: R$25,00

Para alimentação, levamos:

Café da Manhã: 500 g de aveia; leite em pó / café solúvel; bananinha / ameixa seca;

Almoço / janta: ovos cozidos (para o primeiro dia); ervilha sachê; 1 lata de sardinha + 1 lata de atum;

Obs: em todos os lugares era possível comprar refeições prontas (PF) por cerca de R$30,00.

Trilha: amendoim; 2 pacotes de bolacha doce; batata palha / pingo douro; bananinha;

Outras informações:
  • quase todas as praias possuem pontos onde é possível pegar água;
  • quase todas as praias são acessíveis por barco, dependendo de como está o mar (Ex: barco Laranjeiras – Ponta Negra por cerca de R$40,00); 
  • em Pouso da Cajaíba e em Ponta Negra existe a opção de alugar um chalé / casa se não quiser acampar;
  • o Ismael (dono do camping em Ponta Negra) faz translados de barco entre as praias: WhatsApp: (24) 9 9973-8365 Telefone: (24) 3371-2673 Claro: (24) 9 9956-8822 Oi: (24) 9 8864-2673
  • o melhor período para visitar a região é de Novembro até Abril, pois fora disto o mar fica mais agitado;
Considerações da Renata: 

Tentei ir bem leve, sabia que caminhar na Mata Atlântica pode ser beeem quente. Fui com mochila 30 litros contendo: par de bastões de caminhada, isolante, lençol fino de solteiro, toalha de rosto p/ banho, kit de primeiros socorros, poncho plástico, anorak, lanterna, 2 legings (comprida e curta), 2 blusas leve de manga comprida, chinelo, boné e outros poucos itens de roupa e higiene pessoal, além de 2 garrafas 500ml + 1 de 350ml de água (que deu bem para os longos trechos da trilha).

Leandro Moda / Renata Jiamelaro

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